Perten.Ser // Respir.Ar

(Uma Ode à Pausa)

Tão necessária quanto respirar, talvez quase sinônima do próprio respiro, a pausa é a atriz principal das entre-cenas, a protagonista no balé das entre-palavras, a prima do silêncio.

Como na música – onde toda melodia que é sempre composta pelas mesmas e previsíveis sete notas – as infinitas formas de se colocar as pausas é que fazem com que cada melodia seja única.



E quem sabe a vida, muito mais do que luta, não seja uma música? Sem propósito, sem uma finalidade em si. Ela apenas toca, não existe um lugar para se chegar. Quem sabe a vida seja muito mais música do que jornada, inclusive.

 Ela apenas ecoa, apenas “é”.

E a pausa é a arte de “ser, em silêncio”.

Enquanto a música toca podemos escolher nos harmonizar com ela, entender a métrica, o andamento, aprender a ouvir, a nos encaixar no ritmo, a descobrir a beleza de desfrutar o som que ela naturalmente emana; também podemos escolher forçar um acorde fora do campo harmônico, fazer tudo vibrar meio fora do tom…e é assim que geramos desconforto, dissonâncias que apenas nos ferem a alma, sem nenhum jazz.



São as pausas, que além de serem parte da construção dessa melodia, entre outras coisas também ditam o ritmo, diferenciam o que é ruído do que é canção, o que é barulho do que é expressão. E por vezes, diferenciam o que é banal de tudo aquilo que pode ser arte.

Caio BragaComment